terça-feira, 24 de março de 2009
Qual é o papel do professor enquanto educador?
Todo professor deveria elaborar um discurso que potencializasse as mudanças que oriente rotas, ou seja, que concretize um currículo para as crianças, tendo um projeto coletivo, uma obra aberta, criativa e apropriada para o aqui e agora de cada situação educativa, envolvendo sensibilidade e uma visão de criança como alguém competente e com direitos próprios.E isto só obteremos se rompermos com a história tradicional de promover o isolamento e o confinamento das perspectivas infantis dentro de um ambiente controlado por adultos e com descontextualização das atividades que muitas vezes são propostas às crianças.
A escola deve ter uma proposta pedagógica que implique por uma organização curricular que seja um elemento mediador fundamental entre a realidade da criança (concepções, valores, desejos, necessidades e conflitos vividos em seu meio próximo) e a realidade social mais ampla, com outros conceitos, valores e visões de mundo, mas para isto é necessário conhecer a individualidade do aluno.
Por isto a interação social é uma das estratégias mais importantes do professor para a promoção de aprendizagem pelas crianças. Assim cabe a ele propiciar situações de conversa, brincadeira ou de aprendizagem orientadas que garantam a troca entre as crianças, de forma que possam comunicar-se e expressar-se, demonstrando seus modos de agir, pensar e de sentir, em um ambiente acolhedor e que propicie a confiança e auto-estima.
Vygotsky,afirma que as características individuais (modo de agir, pensar, sentir, valores, conhecimentos, visão de mundo, etc) dependem da interação do ser humano com o meio físico e social que ele esta inserido.
Para elas a criança quando se sente dentro de um grupo, começa a participar mais, interagir mais, e conseqüentemente vem mais feliz para a escola.
Outro aspecto muito comum dentro das escolas e que nós professores nos deparamos é o de crianças que não interagem com outras crianças, e quando isto é levado ao conhecimento dos pais, estes tendem a desconversar e achar muito cedo para um acompanhamento de um profissional especializado em comportamento.
E por que será que isto acontece? Será que quando criança nós educadores e também os pais de nossos alunos tiveram um professor que se preocupou em interagir com ele, que realmente percebeu este aluno como um ser que pensa, sente, mas que muitas vezes não sabe exprimir isto?
O que acontece é que muitos pais e escolas estão mais preocupados em preparar seus filhos e alunos para um futuro aprendizado, esquecendo de observar o que está acontecendo no presente. Esta concepção de preparar para o futuro é um tanto contraditória, uma vez que os processos de desenvolvimento só são impulsionados quando aprendidos. Um bom ensino é aquele que se adiante ao desenvolvimento, ou seja, que se dirige às funções psicológicas que estão em vias de se completarem.
Por isto um redimensionamento do valor das interações sociais (entre alunos e os professores) no contexto escolar seria uma sugestão, uma vez que elas podem produzir conhecimentos por parte dos alunos, onde este poderá dialogar, trocar informações, confrontar ponto de vista divergentes, trabalhar com a cooperação, tornando o aluno mais responsável resultando no alcance de um objetivo comum. Cabe, portanto, ao professor não só permitir que isto aconteça, mas também promover isto no cotidiano das salas de aula.
Portanto o papel do professor é proporcionar uma prática educativa que considere a importância da intervenção do professor que é uma pessoa mais experiente da cultura, e também das trocas efetivadas entre as crianças que tanto contribuem para os desenvolvimentos individuais. É necessário que haja esta troca, esta interação, nós não podemos mais achar que somos os tais, e que as crianças não nos ensinam nada.
Esta idéia de que a criança deve vir para escola, permanecer sentada em sua cadeira, em silêncio e de preferência olhando para frente tem que ser derrubada de uma vez por toda.
O movimento dentro da escola não pode mais ser entendido como uma moeda de trocas, onde a imobilidade funciona como uma punição e a liberdade de se movimentar como prêmio.Este preconceito ao movimento que permeia a escola tem que ser discutido sim, pois não é possível que em pleno século XXI o movimento ainda esteja restrito somente as aulas de Educação Física ou recreio, e nas demais atividades em sala de aula o aluno tem que se manter “imóvel”. Afinal se é através do movimento que o individuo se manifesta, que pessoas formaremos se impedirmos a sua expressão?
Esta ausência de ludicidade nas disciplinas científicas e a ausência de seriedade nas disciplinas que envolvem o mexer o corpo, só contribuem para acentuar ainda mais esta visão de que o ensino de Educação Física e de Arte são supérfluo.
A atuação do professor no processo ensino-aprendizagem deve considerar o aluno como um corpo que não foi programado para imitar, que ele só estará satisfeito e realizado em sua corporeidade, a partir do momento em que ele estiver participando ativamente das atividades e podendo explorar sua criatividade, espontaneidade e rompendo com as limitações de seu corpo, descobrindo, por si só, as coisas maravilhosas que pode realizar com seus gestos.E sendo assim a intenção da formação do cidadão autônomo, critico, que saiba intervir, modificar e usufruir a sociedade em que vive deve ser o paradigma da educação de forma geral.
A inserção corporal tem muito com o que contribuir para com isto e, em especial a Dança, por isto é preciso que nós educadores consideremos o corpo de nossos alunos como um corpo que está em erupção, exalando sentimentos, expressões e integrante do meio social ao qual faz parte.
Mas infelizmente nem todos so cursos de formação de professores oferecem tais conhecimentos sobre o corpo, por isto seria muito importante que se pensassem com seriedade no oferecimento de disciplinas de cunho artístico corporal, independente da disciplina que lecionam. Porque assim eles sentiriam e entenderiam melhor seus corpos, aprenderiam a pensar com o corpo todo, este corpo que fala, que sente, se emociona, que se expressa de todas as formas possíveis.Estas práticas corporais só vem a contribuir para que professores ao sentirem em seus corpos estas descobertas, possam compreender melhor o que se passa nos corpos dos seus alunos, porque estarão experimentando o prazer do movimento e os benefícios físico e mental que este pode trazer a elas e conseqüentemente aos seus alunos, o que fará com que vejam a Dança na escola com outros olhos.
E é por isto que a Dança na escola deve ultrapassar a idéia de ser apenas voltada à criança e ao adolescente, ela deverá ser trabalhada com os professores, pois será importante não apenas para a formação destes (e para o bem estar dos mesmos), mas também para que o corpo do professor funcione como modelo para o aluno. Afinal somos o tempo todo modelos para as nossas crianças.
No caso da Dança na escola, onde se trabalha mais a exploração e a criação do próprio aluno que o aprendizado de passos específicos, a imitação não deveria estar presente. No entanto, essa idéia é equivocada. Pois acabamos por cair em outro desfecho que é a questão de dar exemplos de movimentos ou de servir de modelos, pois muitas vezes o que se vê nas criações das crianças são gestos oriundos reproduzidos do que vêem na TV. Se o professor não quer assumir o papel de modelo, a mídia o faz o tempo todo. Cabe agora refletir qual é o modelo mais interessante, e, sobretudo, trabalhar com as crianças o desenvolvimento do olhar crítico.
É preciso portanto tomar o cuidado para que não se aplique atividades descontextualizadas que visam à mera repetição sem sentido de um modelo observado e propor atividades que realmente intervêm e desencadeiam o processo de aprendizam. Não se pode oferecer rituais de cópia ou propostas de imitações mecânicas e literais de modelos fornecidos por nós adultos. Mas sim oferecer subsídios aos alunos para que possa favorecer o processo de criação deles, tornando a atividade mais significativa e desafiadora, sem estereotipar a expressão do educando.
Fica claro, portanto, que a questão da educação corporal não é de responsabilidade exclusiva da Educação Física, nem da Dança ou da Expressão Corporal.O corpo está em constante desenvolvimento e aprendizado, possibilitar ou impedir o movimento da criança e do adolescente na escola, oferecer ou não a oportunidade de exploração e criação com o corpo, despertar ou reprimir o interesse pela dança no espaço escolar, servir ou não de modelo, de uma forma ou de outra, estaremos educando o corpo. Nós somos o nosso corpo e toda educação é do corpo. A ausência de uma atividade corporal também é uma forma de educação: a educação para o não movimento – educação para a repressão. Em ambas situações, a educação do corpo esta acontecendo. O que diferencia uma atitude da outra é o tipo de indivíduo que estamos formando. Cabe agora a cada um de nos fazer uma reflexão.
Nani
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Nani
ResponderExcluirMuito bom seu blog.
Também seu artigo sobre o papel do professor.
Marina
http://omundodemarinah.blogspot.com
Me ajudou com o TCC... obrigada!!!!!!!!
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