sábado, 10 de agosto de 2013

Baby Class... um olhar diferente




Hoje vou compartilhar um pouco de um artigo que li e que vem de encontro ao que eu sempre questionei em relação ao Ballet para crianças pequenas, o chamado Baby Class.

Neste artigo ela já começa expor seus questionamentos sobre como ensinar o ballet para crianças assim tão pequenas e aponta logo de cara treê barreiras iniciais que se encontram tantos em escolas de Ed Infantil onde o ballet muitas vezes esta presente como atividade extra-curricular e também nas academias de dança:

1° sabemos que muitas das crianças que ali estão foram incitadas por seus pais, e por isso não sabemos o quanto realmente elas desejam a prática;

2° o ballet é para elas e deve ser, levando em consideração todas as teorias educacionais atuais, até os 8 anos uma brincadeira, porém isso torna difícil ensiná-lo como tradicionalmente foi aprendido.

A 3° possível barreira é a comum expectativa de que o ballet disciplina. Muitos pais colocam suas filhas no ballet para que sejam disciplinadas e graciosas. Porém, lidamos com novos padrões de educação que também divergem das tradicionais e rígidas formas de ensinar ballet.

Achei muito interessante os apontamentos das barreiras, e se analisarmos, todos com muita coerencia.

Vivencio o primeiro na prática dentro da minha própria casa, desde a barriga já diziam q minha filha faria ballet; e assim foi até há pouco tempo atrás ela decidiu aos seis anos e meio que n gostava de ballet! Imagina o choque que foi, pois todos e inclusive eu sempre achamos que além de levar jeito, ela ainda gostava, pois vive a dançar e coreografar suas próprias músicas, rodopiando pela casa o tempo todo. O que fiz, tentei convencê-la, até coloquei em uma escola em que n trabalhava, mas n adiantou. Então resolvi que n preciso ter uma filha bailarina para seguir meus passos. Não vou forçá-la. Se um dia ela decidir q quer voltar conversaremos.
o que ela quer hoje é cantar! Ser cantora!! compramos um violão e esta aprendendo, e vira e mexe a pego cantando, tocando e dançando suas próprias coreografias.

Infelizmente ñ é sempre assim que os pais agem, muitas vezes e isto também já presenciei, pais e professores se afobam em iniciar as crianças e assim, acabam correndo o risco de uma potencial especialização precoce ou desestímulo das crianças pela atividade logo nos primeiros anos de prática.

Outra barreira que ela aponta é o fator do ensino tradicional, pois sabemos que ainda existe professores que prezam a forma tradicional de ensino, e muitas vezes acabam expondo a criança à rígida reprodução da técnica e de seu modo de aprendizado e mais uma vez concordo com ela quando diz:

" muitas vezes os professores desprezam o que eu considero ser um dos porquês de se ensinar ballet para crianças pequenas: outros conhecimentos (vivencias corporais) que a criança deve obter na sua infância. E sei que aqui, alguns podem me questionar dizendo que esses outros conhecimentos o professor de educação física deve passar. Defendo minha idéia de duas formas: o que nós somos se não educadores físicos da prática da dança- especificamente o ballet? e, muitas dessas crianças, possivelmente mais da metade, só terão o ballet como prática nos 7 primeiros anos de vida o que nos incumbe de auxiliá-las para que tenham uma formação motora, cognitiva e social o mais saudável possível" (S.B.M,2011)

É por isto que acredito, assim como a autora no artigo, numa necessidade sim de adequações didáticas e metodológicas para o ensino do baby class ballet.

Devemos enquanto professores e educadores estar diariamente acompanhando os estudos mais recentes na área do desenvolvimento cognitivo, motor e sócio-afetivo do ser humano, especialmente aqueles que ressaltam as diferenças entre crianças e adultos.

Sendo assim, as principais implicações da dança para crianças se dão na formação do entendimento do esquema corporal, entendendo-se que esquema corporal é construído pela integração de tudo que o ser humano apresenta e pode ser trabalhado. Para isso, o professor deve propor “exercícios pertinentes” a fim de auxiliar na construção do esquema corporal da criança. Levando em consideração algumas linhas psicomotoras, isso significa representar, organizar e orientar de forma analítica (destrezas corporais) e sintética (imaginação, dramatização, construção de personagens-), tudo de forma lúdica que é a maneira mais pertinente de chegar até à criança.

É também necessário desenvolver trabalhos que visem à formação da imagem corporal, que são as impressões do sujeito a partir de seus desejos, baseando-se nas experiências sensoriais, nas relações com as outras pessoas e na imagem que se estrutura no convívio com seus familiares.

...Se o corpo for considerado apenas uma máquina de nervos e músculos que aprende o que lhe é ensinado, serão utilizadas técnicas e receitas padronizadas (...) A dança corre o risco de robotizar a criança (...) mas também pode se tornar um veículo de transformação, auxiliando o sujeito a ter desejos para poder fazer, saber fazer (...) construindo imagens com significado.

Deve-se então ressaltar a importância do trabalho que é feito com as crianças nesse âmbito, pois não há um consenso de como se deve ensinar o ballet para crianças entre 3 e 8 anos de idade.

Por isto devemos sim escolher e estudar uma metodologia para ensinar ballet para as crianças pequenas. Pois o que vemos muitas vezes, principalmente aqui no Brasil, dar aula para o Baby Class acaba sendo um caminho natural no início da vida profissional do bailarino. Alunos mais avançados se transformam em professores, como se pouca maturidade artística e pedagógica não fosse relevante em se tratando de um trabalho com crianças .
Por isto não estranho quando vejo alguma apresentação ou aula de baby pelo Brasil afora, sendo conduzidas como recreação ou expressão baseadas na reprodução do movimento através da imitação e repetição de gestos técnicos, e complementando isto brincadeiras sem significado algum, para dizerem que estão desenvolvendo a ludicidade em suas aulas.


Triste, mas não menos cruel com nossas pequenas!

Em um outro momento do artigo:

“[...] temos consciência de que somos responsáveis pelas marcas positivas e /ou negativas deixadas em nossas crianças durante a formação do corpo- sujeito, no ensino da dança?”E eu pergunto mais: temos noção de que podemos contribuir ou não para formar um corpo-sujeito consciente?

“[...] um corpo na dança não pode ser visto somente como veículo de transmissão de uma linguagem, pois esse corpo possui um passado e desejos futuros.” (F.R,2005)

É preciso desapegar ao velho, ao tradicional, mudar. Toda mudança requer sim tempo e aceitação. O processo é lento, mas nem por isto temos que nos prender a métodos muitas vezes não condizentes com as crianças brasileiras.

Já percebo neste dois anos de Loja e também com o blog e meus textos, o quanto os profissionais que trabalham com crianças buscam alternativas para deixarem suas aulas mais atrativas e prazerosas tanto para as pequenas quanto para nós mesmas.

E vamos sim conquistar um novo patamar no ensino do ballet para criança, contemplando a busca da informação e a troca de experiencia para contemplar cada dia mais as nossas pequenas grandes bailarinas!♥

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