terça-feira, 28 de maio de 2013

O Lúdico e o Ballet: a importância do brincar nas aulas de Baby Class



Brincar é uma importante forma da criança se comunicar e assim reproduzir o que vivencia em seu cotidiano.
Conforme Brasil (1998), “[...] as crianças possuem uma natureza singular, que as caracteriza como um ser que sente e pensa o mundo de um jeito muito próprio. Nas interações que estabelecem desde cedo com as pessoas que lhe são próximas e com o meio que a circunda, ela revela seu esforço para compreender o mundo em que vivem, as relações contraditórias que presenciam e, por meio das brincadeiras, explicitam as condições de vida a que estão submetidas e seus anseios e desejos”
O educador deve sempre considerar tudo aquilo que a criança traz consigo do seu meio circundante, pois isto a desafiará e consequentemente ampliara a construção de novos conhecimentos, constituindo assim suas bases possibilitando e aperfeiçoando aprendizagens em seu universo pessoal , promovendo assim um melhor desenvolvimento integral e uma melhor formação enquanto cidadão
Segundo Vygotsky, construir conhecimentos implica numa ação partilhada, já que é através dos outros que as relações entre sujeito e objeto são estabelecidos.
Portanto o aprendizado para as crianças pequenas deve promover a integração entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos e sociais da criança, uma vez que ela é um ser completo e indivisível, e por isto se faz necessário que nós educadores redimensionemos o valor das interações sociais, compreendendo, conhecendo e, sobretudo reconhecendo o jeito particular de cada criança ser e estar no mundo, respeitar estas individualidades, suas necessidades e ritmos. É neste momento que se da o Lúdico, como estratégia para alcance destas necessidades.
Permitir e promover o Lúdico nas aulas de Baby Class Ballet e fazer com que isto esteja presente no cotidiano de nossas aulas, só contribuirá para estimular a criança a descobrir estas novas necessidades.
Precisamos mudar o conceito do Ballet Clássico para crianças pequenas, onde muitas vezes confundimos o brincar com significado e a brincadeirinha para descontrair no final da aula. Temos que entender a criança como um ser que é capaz de pensar, raciocinar, deduzir e abstrair, mas sobretudo ela também é alguém que pode sentir, se emocionar, desejar, imaginar e se sensibilizar com as coisas do mundo.



E a dança é tão concernente neste aspecto, pois através dela a criança além de evoluir em seu domínio corporal, ela desenvolve e aprimora suas possibilidades de movimentação, descobrindo novos espaços, formas, superando suas limitações e condições para enfrentar novos desafios.
No entanto, acredito que para que este processo aconteça de fato, é necessário que o afeto esteja presente, pois ele abrange a expressividade, a exteriorização dos nossos estados emocionais, por isto ele tem que ser entendido como algo que está associado ao cognitivo e que juntos vão permitir a criança as noções sobre os objetos, as pessoas e situações, e lhes conferindo valores e atributos.
Entender a criança em sua totalidade, e esta inter-relação vai influenciá-la a criança ao longo de toda a sua existência.
Exteriorizar este contexto para dentro da sala de aula, inserindo atividades lúdicas para a compreensão da terminologia e codificação do Ballet nesta fase inicial a qual é conhecida como Baby Class só contribuirá para que a criança compreenda e de significado e valor ao movimento aprendido.
As Atividades Lúdicas nas aulas de Baby Class tem muito o que contribuir na compreensão dos passos para as nossas/os "pequenas/os Bailarinas/os" que ainda não conseguem associar a terminologia do Ballet com a Codificação dos mesmos.
Saber usar o lúdico e compreendê-lo em sua essência, que não é apenas uma brincadeira sem sentido, mas uma forma de ensinar brincando, só trará ao professor e a seus alunos grandes benefícios na aprendizagem .
O professor que compreende isto e aperfeiçoa o Lúdico para sua aula, entenderá sim o quanto importante se faz o uso deste assim como ensinar a parte técnica como os exercícios de demi-plie, tendus, sautes e skips!!!
Embora saibamos que despertar o imaginário, a criatividade, a atenção e memorização da criança é sim de nossa responsabilidade enquanto professor, não podemos fechar os olhos para a realidade que vivemos hoje em dia em relação a Dança para criança:
Literatura pobre, pouco encontramos algo relacionado ao Ballet nesta fase da criança; Professores desatualizados, despreparados, muitas vezes presos a métodos e cartilhas prontas que seguem a risca sem inovar, sem tentar ao menos recriar aquilo que já está pronto. E acaba que nesta fase da criança do Baby Class o mais simples tornando-se mais difícil e complexo, que é o ensinar brincando o Ballet.
Há 15 anos vivendo a Dança como professora em diversos lugares por onde estive, estou e sei que futuramente estarei, pois é isso que amo fazer, ensinar a Dança para Criança, é que vejo o quanto nós professores necessitamos sim de mudanças de atitudes dentro de nossas salas de aula. Por onde começar???
Acho que a pergunta certa é " o que pretendo despertar com a minha forma de ensinar a Dança/ Ballet no minha/meu aluna/aluno assim tão pequena?
Quando entendermos que a criança que está ali com a gente necessita mais que uma linda apresentação com um maravilhoso tutu e sapatilhas no final de ano, estaremos de fato entendendo pra que viemos trabalhar com a Dança/Ballet para as/os pequenas/os.

Texto: Nani Chefaly 15/5/13
Revisão: Paola Bartolo

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